sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Sobre Amígdalas e Amigdalite

Andava à procura de uns textos mas todos falavam de opiniões, ou eram demasiado cientificos... Até que achei isto:

SOBRE AMÍGDALAS E AMIGDALITE


O plantão está corrido, mas tranqüilo. A meio caminho de tomar um café para espantar o frio do inverno, o som avisa: Dr. Alessandro, favor comunicar com o ramal 301... Dr. Alessandro, favor comunicar com...

Ao contrário dos seriados da TV, nos hospitais de verdade eles repetem as chamadas várias e várias vezes por vários motivos. O principal deles é o fato do som vir tão cheio de interferências que a maioria de nós mortais só consegue entender Doutor alersmurfinuns... ramal tzentozezum.

Chegou uma paciente e ela não está bem não, avisa a enfermeira ao telefone. A paciente se chama Carolina. Tem 11 anos, uma mãe, uma avó e uma cara de choro de dar inveja a novela mexicana.

- Amigdalite de novo, doutor - avisa a mãe.

A parte boa das mães é que elas quase sempre trazem o diagnóstico na ponta da língua. A parte ruim é que elas quase sempre trazem o diagnóstico na ponta da língua.

- De novo?

- De novo. Vive tendo isso. Há umas duas semanas, teve igualzinho e eu tratei por minha conta...

- Que ótimo faço as perguntas de praxe, examino pressão, pulmões, garganta, articulações...

- ...Na última vez, dei logo um antibiótico e nem precisou ir ao médico. Mas é a quarta só este ano. Fiquei preocupada, decidi procurar o hospital. A Carolina não gosta muito de médico, mas fazer o quê, não é?

- Que ótimo sento, anoto na ficha. Também não gosto de médicos. Sempre preferi as médicas. E sim, a mãe está certa: é uma amigdalite. E das grandes. Carolina tem todo direito de fazer cara de choro. Mas...

- A senhora já ouviu falar em Febre Reumática?

A avó me aponta com a bolsa: - Reumatismo, eu tenho!

- Não, não. Febre Reumática. Não reumatismo. São problemas diferentes e sem querer assustar mas já assustando, pego uma folha de papel para explicar (só sei explicar rabiscando, será que tem tratamento pra isso?) -. Uma simples dor de garganta, se não for tratada direito, pode resultar em doença cardíaca grave e até mesmo em morte.

Pronto, a palavra mágica. Morte. Não tem mais jeito: agora até você irá prestar atenção.

O inverno é ingrato com as gargantas mais frágeis. O ar frio e seco, a tendência de ficarmos mais próximos uns dos outros e as janelas fechadas favorecem a disseminação de todo tipo de microorganismo. As Amígdalas fazem parte de um grupo de gânglios que analisa a presença destes germes nas partículas que respiramos. No caso de uma infecção respiratória, uma de suas funções é facilitar a produção de anticorpos para eliminar o agente invasor.

O problema começa quando as inflamações repetidas nas Amígdalas resultam na produção de anticorpos defeituosos, que atacam tanto as bactérias quanto outras estruturas sadias do próprio corpo. Este estado de resposta míope do sistema de defesa se chama Febre Reumática. Dos 10 milhões de casos de amigdalite que ocorrem no Brasil a cada ano, cerca de 30 mil não serão tratados corretamente e irão evoluir para Febre Reumática.

A Febre Reumática é mais comum em mulheres entre os 05 e 15 anos de idade. Os principais sintomas incluem febre, inchaço e dores nas articulações (principalmente joelhos, cotovelos e tornozelos), cansaço, falta de ar e aceleração dos batimentos cardíacos. Nos estágios mais avançados, a doença pode destruir completamente as válvulas cardíacas.

Antigamente, para evitar estas complicações, os médicos retiravam toda e qualquer Amígdala que olhasse torto para eles. Mas os tempos mudaram e as Amígdalas se tornaram menos descartáveis. Hoje, o tratamento padrão da amigdalite consiste em antibióticos por cerca de 7 a 10 dias. Alguns analgésicos, antiinflamatórios e chás naturais são úteis para aliviar os sintomas, mas não substituem os antibióticos. A remoção das amígdalas está indicada para pessoas que sofrem mais de 5 episódios de Amigdalite por ano.

No caso da Carolina, ela recebeu orientações para acompanhamento, uma semana de amoxicilina e a recomendação de tomar uma injeção de penicilina benzatina (Benzetacil) a cada 21 dias por pelo menos 1 ano e, provavelmente, até os 18 anos de idade. Benzetacil a cada 21 dias?? Infelizmente, Carolina, este esquema é o melhor para evitar a Febre Reumática. Trocar uma válvula em um coração reumático dói bem mais que um benzetacil a cada 3 semanas, acredite. Paciência. E lá se foram Carolina, a mãe, a avó e a cara de choro.

Encostei a porta do consultório com o senso do dever cumprido e estava a meio caminho de tomar aquele café para espantar o frio, quando o som avisou: doutor alersmurfinuns, ramal tzentozédois....


Dr. Alessandro Loiola é médico, escritor, palestrante, autor de Vida e Saúde da Criança e Crianças em forma: saúde na balança (www.editoranatureza.com.br). Atualmente reside e clinica em Belo Horizonte, Minas Gerais.
© Dr. Alessandro Loiola



Já só me falta 1 episódio... E embora sempre tenha torcido o nariz a arrancar as amigdalas, estou capaz de as arrancar eu próprio à próxima amigdalite! Sei que é um processo irreversível, mas a continuar assim, o futuro também não se adivinha brilhante! Só espero que tudo corra pelo melhor e aquilo que aconteça daqui para a frente seja a melhor solução.

Cumps.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Há males...

...que vêm por bem.


Hoje ganhei ainda mais Amor ao meu carro e juízo na condução que faço. Depois de ontem ter tido um episódio infeliz com o meu, mas em que me consegui controlar, o que hoje aconteceu ao carro do meu pai é bem capaz de ter sido a cura para os meus episódios de autêntica parvoíce ao volante.

Há males que vêm por bem...

Felizmente ninguém se aleijou, felizmente o meu pai não é culpado, felizmente estou a abrir os olhos e há grandes lições a tirar.

Hoje senti-me crescido...

domingo, 19 de outubro de 2008

Back to...

Estava aqui a pesquisar no google por uma foto que ilustrasse o meu estado de espírito. Amanhã volto ao trabalho depois de 15 dias de 'pseudo-férias'... Não conseguia arranjar nada que descrevesse com exactidão aquilo que me vai na alma, até que me lembrei disto:


Fotografia tirada no meu primeiro dia de escola...! E acreditem que estou tal e qual... Espiritualmente falando!

Mais uma coisa, ao fundo do blog vão encontrar uma espécie de jukebox. Para quem conhecia o meu blog antigo, que tinha aquele 'loop' feito em flash, fiquem descansados! Eu não vou colocar aquilo a tocar logo de início! LOL Mas se quiserem saber o que se ouve por aqui, dêem um saltinho lá abaixo e cliquem no play!

Cumps e boa semana a todos! ;)

domingo, 12 de outubro de 2008

Sopa de Peixe

Fui novamente 'apanhado' por uma amigdalite... e usei o novamente porque já é a terceira vez em menos de 2 meses. Isto era normal quando tinha uns 10 anos, hoje em dia não acho normal e não estou a ver uma forma de isto 'acabar bem'... está aberta uma guerra entre mim e o que quer que seja que me provoca isto!

Hoje acaba a minha primeira semana de férias! Para além da amigdalite, o tempo está... o que está (!) por isso devem imaginar como foi... Só há uma coisa capaz de animar uma pessoa num dia destes: uma malga de sopa de peixe quentinha e acabadinha de fazer! =D

Eu costumo fazer cá em casa uma sopa de peixe simples, tipo 'caldo', virada para a sopa de peixe mediterrânica ou à moda de sesimbra, onde se usam as cabeças do peixe das caldeiradas. No trabalho, a sopa de peixe que costumam servir é espessa, com batata, mas essa nunca fiz. Hoje vou dizer como fiz a cá de casa e depois dou as minhas ideias para a próxima! ;)


Se alguma vez tivesse um restaurante, a maximização do aproveitamento dos ingredientes seria algo fascinante! Tal deve ser levado praticamente ao extremo nos refeitórios, mas aqui em casa esse aproveitamento é mediano... Mas há uma coisa que eu gosto de aproveitar: caldos! Quem é que deita fora a água de cozer o peixe!? Passamos a vida a cozinhar com caldos da Knorr e quando ficamos com um caldo entre mãos... devemos sempre fazer por o aproveitar!!

Depois de o peixe estar cozido, coem a água e reservem-na. Numa panela refoguem em azeite uma cebola picada grosseiramente. A cebola não deve alourar e a quantidade de azeite deve ter em conta a gordura do peixe que se cozeu. Quando a cebola estiver pronta, coloquem 2 dentes de alho esmagados, um ramo de salsa ou coentros, e uma folha de louro na panela. Deixa-se refogar mais um pouco e junta-se o caldo do peixe e um copo de vinho branco. Baixem o lume e, enquanto o preparado levanta fervura, pelem e retirem as sementes a dois tomates. Quando estiver a ferver, juntem o tomate cortado aos quadradinhos. Com o lume brando, e a panela semi-tapada, esperem uns 5 minutos até colocarem a massa (miudinha, de preferência) e rectifiquem o tempero de sal e pimenta. Deixem a massa cozer uns 10 minutos e está pronta a saborear!


Ora, das muitas receitas de sopa de peixe que se podem encontrar por aí, algumas dão umas dicas porreiras... Uma diz para adicionarmos uns pedacinhos de tamboril enquanto a sopa ferve! Deve dar um gostinho espectacular! Outra ideia é variar nas ervas a usar. Nas várias receitas que encontrei sugerem-se: tomilho, poejos, hortelã, oregãos, alecrim e colorau. Algumas receitas sugerem que se refogue também um pouco o tomate e outras adicionam marisco! Num livro de Guisados e Sopas que tenho cá em casa, sugerem que se junte peixe e mexilhões quando se coloca o caldo e o vinho na panela. Mexe-se e tapa-se a panela e cozinha durante 5 minutos, depois junta-se o tomate e umas gambas e cozinha por mais 3 a 4 minutos. Quando o peixe estiver cozido, retiram-se as ervas e os mexilhões que não abriram. A mesma receita sugere também que se sirva este prato em tigelas previamente aquecidas, guarnecidas com tomilho, umas cunhas de limão à parte e fatias de pão torrado esfregadas com alho!

Uma receita simples, mas com bastante espaço para 'improvisos' e 'imaginação'! A minha versão é sempre bastante simples, mas ainda vou experimentar um dia uma versão GTi! =D experimentem vocês uma versão quando alguém cozer peixe aí em casa!

Cumps! ;)

domingo, 5 de outubro de 2008

Private Kitchens [ou ''sifangcai''] =D



Vou começar este post por dizer que estou absolutamente fascinado com o que descobri hoje! Private Kitchen, Speakeasy ou 'Sifangcai' (em mandarim!) são a última moda em Hong Kong! Mas comecemos pelo princípio, explicando como apareceram os restaurantes:


Restaurant - History

The term restaurant (from the French restaurer, to restore) first appeared in the 16th century, meaning "a food which restores", and referred specifically to a rich, highly flavoured soup.

According to The Guinness Book of Records, the Sobrino de Botin in Madrid, Spain is the oldest restaurant in existence today. It opened in 1725.

The modern sense of the word was born around 1765 when a Parisian soup-seller named Boulanger opened his establishment. The first restaurant in the form that became standard (customers sitting down with individual portions at individual tables, selecting food from menus, during fixed opening hours) was the Grand Taverne de Londres, founded in 1782 by a man named Beauvilliers.


Whilst inns and taverns were known from antiquity, these were establishments aimed at travellers, and in general locals would rarely eat there. The restaurant became established in France after the French Revolution broke up catering guilds and forced the aristocracy to flee, leaving a retinue of servants with the skills to cook excellent food; whilst at the same time numerous provincials arrived in Paris with no family to cook for them. Restaurants were the means by which these two could be brought together — and the French tradition of dining out was born. In this period the star chef Antonin Carême, often credited with founding classic French cuisine, flourished, becoming known as the "Cook of Kings and the King of Cooks."

Restaurants spread rapidly to the United States, with the first (Jullien's Restarator) opening in Boston in 1794, and they spread rapidly thereafter. Most however continued on the standard approach (Service à la française) of providing a shared meal on the table to which customers would then help themselves, something which encouraged them to eat rather quickly. The modern formal style of dining, where customers are given a plate with the food already arranged on it, is known as Service à la russe, as it is said to have been introduced to France by the Russian Prince Kurakin in the 1810s, from where it spread rapidly to England and beyond.


Eu preferi colocar a versão em inglês, mas a versão em português está disponível aqui. O que importa reter é que os restaurantes devem a sua existência ao fim da aristocracia, o que deixou muitos cozinheiros e pessoas que serviam à mesa sem emprego, e à vinda de pessoas para a cidade que não tinham quem cozinhasse para elas. Resumindo, juntou-se a fome com a vontade de comer! Pessoas com experiência, mas sem trabalho, e pessoas que procuravam algo diferente, isto no século XVI.

Voltando ao século XXI, não é que aconteceu o mesmo!? =D Em Hong Kong, chefes reformados e ex-proprietários de estabelecimentos que faliram (pois as rendas e os impostos sobre a restauração são muito caros) perceberam que havia um grupo de pessoas com uma vontade de mudança... gastronomicamente falando!

E o que é que decidiram fazer? Restaurantes caseiros! Fazem das suas casas restaurantes de topo, usando os melhores ingredientes em refeições destinadas a um grupo de pessoas muito pequeno, que poderá usufruir desta refeição caseira na sala do chef!

Private kitchen is unique type of eatery in Hong Kong. A typical one is based in ordinary apartments, the capacity is usually less than 10 customers. No government licenses, no prominent shop signs, advertising is usually by word of mouth. How to find out private kitchen? What're their reservation numbers?




É claro que nada disto é licenciado, nem publicitado. Duvido que a lista do link acima se refere a genuínas private kitchens. Embora eu tenha conhecimento disto através de uma reportagem que vi na televisão, em que pelo menos duas pessoas que praticam este tipo de negócio davam entrevistas, acredito que a maior parte seja bastante secreta e que o seu conhecimento seja passado apenas entre amigos e conhecidos.

A Private Kitchen is a modern term in Hong Kong referring to an unlicensed, restaurant-like establishment for eating. Usually, it provides not only quality home-made food and drink, but a sense of being at home.


Eu acredito que os primeiros casos sejam de uma qualidade extrema, pois não me parece que algo deste género apareça exclusivamente pelo dinheiro, e nas reportagens que vi, o interesse dos chefs destas private kitchens pela gastronomia era impressionante! Chegava ao ponto de uma senhora, que tentava praticar uma gastronomia como antigamente se praticava nas aldeias, demorar 10 horas para cozer uma galinha! E claro, galinhas, leitões, lagostas, meloas, ovos, arroz, milho, melancia... praticamente tudo era biológico! Cultivado ou criado pelos vizinhos, apanhado no rio ou numa horta! =D Hoje em dia talvez muita gente tenha visto neste tipo de actividade uma oportunidade de negócio, e aí talvez a qualidade e a higiene sejam menos cuidadas...

Ou seja! Por um lado é bom isto ser uma prática ilegal! Só os amigos e um grupo restrito de pessoas é que sabem, pessoas essas que provavelmente são muito selectas e sabem apreciar uma boa refeição. Assim sendo, o espaço para o desenvolvimento de private kitchens focadas na rentabilização deste tipo de negócio é muito reduzido... Por outro, se eu fosse lá provavelmente via-me à rasca para encontrar uma destas casas!



O interessante é que isto representa muito bem aquilo que eu gosto de fazer! Cozinhar para os amigos! Experimentar coisas novas, ultrapassar-me... E poder partilhar isso em casa, com aqueles que me são mais próximos, desfrutando de uma óptima refeição e convívio! =D Gostava, sinceramente, de um dia poder ter a minha private kitchen!

Se quiserem mais informações, visitem:

Private kitchens add color to H.K. food culture

Informação sobre 3 Private Kitchens


Cumps! ;)

PS: Não se admirem se a porta de minha casa um dia for pintada de amarelo... :P LOL